Já observou a atitude dos pássaros ante as adversidades?
Ficam dias e dias a fazer o seu ninho, recolhendo materiais, às vezes trazidos de locais distantes... E quando ele já está pronto e estão preparados para pôr os ovos, as inclemências do tempo ou a acção do seu humano ou de algum animal destrói o que com tanto esforço se conseguiu...
Acha que ele desiste? De maneira nenhuma. Começa uma outra vez até que no ninho apareçam os primeiros ovos.
Muitas vezes, antes que nasçam os filhotes, um animal, uma criança, uma tormenta volta a destruir o ninho, mas agora com o seu precioso conteúdo...
Dói recomeçar do zero... Mas ainda assim o pássaro jamais emudece, nem retrocede, continua a cantare a construir, a construir e a cantar...
Já sentiu que a sua vida, o seu trabalho, a sua família, os seus amigos não são o que sonhou? Tem vontade de dizer "Basta! Não vale a pena o esforço, isto é demasiado para mim!"?
Está cansado de recomeçar, do desgaste da luta diária, da confiança traída, das metas não alcançadas quando estava a ponto de conseguir?
Mesmo que a vida o golpeie mais uma vez, não se entregue nunca. Faça uma oração, ponha a sua esperança na frente e avance. Não se preocupe se for ferido na batalha, é de esperar que algo do género aconteça. Junte os pedaçõs da sua esperança, assuma-a de novo e volte a ir em frente!
Não importe tudo aquilo por que venha a passar. Não desanime, siga adiante. A vida é um desafio constante, mas vale a pena aceitá-lo. E, sobretudo... NUNCA DEIXE DE CANTAR!
Autor desconhecido
Foi ao entardecer que decidi parar. Estacionei então este corpo de encontro a uma rocha que, por acção e teimosia do Sol, estava morna, como se esta massa amorfa tivesse ganho vida. Olhava o Mundo à minha volta, distraindo o meu olhar com a paleta de cores que vestia toda a natureza, quando a ouvi.
Ao princípio era uma vozita fraca, como um lamento, aqueles “ais” que se nos escapam quando arreamos do viver as cargas que se vão acumulando. E a vozita foi ganhando mais volume, até chegar a um tom de raiva. Estranho, pensei, quem é que fala assim?.
Guiado pelo som, vi que do outro lado da rocha, quente e viva que me servia de sofá, estava uma formiga, andando em círculos, como se quisesse agarrar-se e ela própria. Deu-me vontade de rir. Pequenita como era, gesticulando ferozmente e soltando um:
- Não posso mais!, girando e girando detrás de si mesma.
Convenhamos que era caso para rir.
Mas não foi o que fiz. Controlando esta faceta tão própria da nossa tão querida e arrogante humanidade, cumprimentei a formiguita:
- Olá, boa tarde – disse-lhe eu.
E ali ficou, de repente imóvel, olhando-me, como se se lhe houvesse acabado a corda de um mecanismo invisível.
- Olá – respondeu-me secamente.
E lá seguiu com o seu bailar à volta do nada.
- Formiguita que gira e gira – pensei – então, perdeste alguma coisa? – perguntei-lhe, tentando fazer com que ela deixasse de andar às voltas, porque a mim, de vê-la, quase me punha tonto.
- Não, não perdi nada... antes fosse... – disse-me ela.
Ela não, que por acaso era um ele. Chamava-se Ricardo, mas, como em português não existe um formigo, Ricardo fica-se formiga, que até está bem. Eu fiquei a saber, após uma longa conversa, que o problema da formiga Ricardo é o mesmo de milhares e milhares delas. Estão fartas de que as vejam como um exemplo! Pobrezinhas, sempre atarefadas, sempre a trabalharem, de noite e de dia, sem pararem, sem férias, nem fins-de-semana, nem dias santos. Não têm nem sindicato nem ninguém que proteja os seus interesses. É verdade, Ricardo está cansado (ou direi cansada?) de ser escravo (ou escrava).
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